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Naftalina HQ 10 - Era Super Heróis Premium



Um tempo atrás, revistas em quadrinhos já foram caras. mais caras do que hoje. Ok, nem tanto, mas se você acha R$ 10,90 caro para uma revista, imagina então R$ 9,90 em pleno ano 2000.
É, essa foi uma idéia "genial" da Editora Abril que acabou com a popularidade dos super heróis.
Lançados em 11 de agosto de 2011, o mesmo dia em que chegava aos cinemas o primeiro filme dos X-Men. Aí começavam duas desgraças na história das HQs deste país:

1º)  O lançamento das revistas Premium que encerrou a coleção de muita gente que é do que vamos falar hoje;



2º) Começava essa frescura de distribuição setorizada começando com o Eixo RJ-SP e algumas cidades do sul e que persiste até hoje;

Olha aí a última página de Homem Aranha ( o texto se repetiu em outras revistas mudando só o nome do título) anunciando o ragnarok das revistas que amávamos:

Tanta mentira nessa página que me senti lá nos anos 80 quando era super permitida a propaganda enganosa no país(ainda é, velada, mas é).
A aposta dessa mudança era baseada no sucesso dos filmes dos X-Men e  arrebatar fãs novatos em uma cronologia perturbada e com histórias fracas ( característico dos anos 90). Outro motivo era que a colorização no formato americano e em papel especial dariam maior qualidade as histórias ( mas sem um bom roteiro não há arte que se sustente e vice versa).
O desenho era uma m...e a hq uma b....

X-Men era o carro-chefe juntando todas as revistas dos X-Men e Wolverine em um título só, o que dava maior dinamismo a revista e deixava muita coisa de fora.

Por fora vinham Homem Aranha em péssima fase da morte de Mary Jane ( besteira desfeita tempos depois sem pacto nenhum com o diabo), Superman e Batman pela DC cada um com revista própria e em uma fase deplorável mas até melhor que a Marvel Comics na minha humilde opinião.

E Grandes Heróis Marvel com "o resto" do Universo Marvel, mas era a melhor revista da casa, já que tinha Demolidor, Capitão América e...só. O resto dispensável demais. Mas a idéia era valorizar leitores colecionadores ( ou seja com $$$) . O resto que se ferrasse. E não tinha tanta internet para ler scans. nem sites de scans em português.

Essa empreitada financeira durou um bom tempo. Mais do que se pensava afinal de contas. Com a Marvel Comics durou 17 edições, preenchendo 2000 e 2001. Com a DC Comics durou mais e ainda virou quinzenal, indo até a edição 23. Motivo disso? A mudança de casa da Abril pela Panini , o que foi uma revolução nos primeiros meses pois tivemos concorrência entre Marvel e DC aqui , concorrência de verdade mas não durou muito, mesmo com a Abril retornando para o formatinho e sepultando de vez a DC nas mãos da editora do seu Civita.

Mas eles tentaram mudar o preço. E mudaram. para mais caro!!!
Lançaram a linha Ultimate a R$ 5,50 ( caro pruma revista de 52 páginas) mas já tava colocada a pedra no sepulcro. 2001 terminaria o contrato da Panini com a Abril.

Na DC, a revista mais legal era a do Batman pois vinha com Terra de Ninguém e na Marvel a GHM lançava Vingadores Eternamente ( que vai sair pela Salvat agora nessa coleção em bancas) e Justiceiro de Garth Ennis( que já saiu encadernado pela Panini e vai sair pela Salvat). Ou seja, procure a revista do Batman e não a GHM.

Mas falando em diversos personagens, a gente acha que tem que ter uma ordem cronológica né? Que nada!!! Foi a época de maior bagunça em ordem cronológica de lançamentos da Editora, publicavam o que queriam e quando queriam. E cancelavam quando queriam. Histórias saíram anos depois quando a Panini assumiu e eram HQs muito boas como O Prego, Arqueiro Verde do Kevin Smith etc.

Fora isso, o resto não era muito aproveitável ou inesquecível. Tá barato hoje em dia para adquirir em sebos virtuais( e físicos também) e na minha coleção só fiz questão de completar Superman e Homem Aranha ,os meus heróis favoritos. X-Men até o final da Saga dos Doze, tão badalada para acontecer desde os anos 80.


Eu na época, mero estudante, achava caro pra caramba tais revistas. E muita gente também achava assim. E isso favoreceu o crescimento de um mercado: o de mangás. Enquanto Marvel e DC estavam a preços para colecionador, a Conrad trazia para cá mangás de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Mais tarde viria a JBC e aí é que foi mesmo a festa do mangá. Preço do mangá bem barato na época alavancou a venda de HQs japonesas no mercado de quadrinhos.

Editoras menores pegaram revistas que a Abril não queria e lançaram a preços salgadíssimos que não davam animo em comprar, com exceção de uma ou outra,mas era caro ainda. E papel vagabundo.
Deadpool era baratinho

Mas a Premium, que tinha um acabamento de luxo etc e tal não vingou e hoje é só um capítulo negro na história dos comics no país. Para não dizer que foi um desperdício total ,serviu para firmar o formato americano aqui no país com papel de qualidade. Se depois virou Pisa Britte( papel de forrar gaiola de passarinho) aí é outra história.


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+ comentários + 1 comentários

3 de junho de 2017 às 17:28

Gostei de suas explicações sobre essa coleção. Obrigado.

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